Jonas Paulo é coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas do Nordeste (NAPP-NE) da Fundação Perseu Abramo e foi Presidente do PT da Bahia.
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
Vamos precisar de todo mundo, por Jonas Paulo
sexta-feira, 2 de abril de 2021
Crônica incidental de uma entrevista espetacular
Com trilha sonora do paraibano Chico César, fã de Lula e vice-versa, Reinaldo Azevedo entrevistou o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva neste 1º de abril de 2021 na Rádio Bandnews FM de São Paulo, com transmissão simultânea na Bandnews TV e no YouTube, que, quando escrevo este post, registra mais de 1,6 milhão de visualizações, um verdadeiro fenômeno. De fato, a entrevista bateu recordes de audiência em todas as plataformas em que foi veiculada (veja aqui e aqui) e, segundo a insuspeita Revista Época, foi 18 vezes maior (!!) do que a live semanal do genocida (veja aqui).
De terno e gravata, indumentária que fez questão de justificar como adequada para entrevistar um ex-presidente da República, o inventor do neologismo "petralha" e crítico acerbo do petismo, iniciou a live fazendo logo uma autocrítica sobre o seu posicionamento contra as cotas raciais, luta histórica do movimento negro brasileiro e política pública implementada pelos governos Lula e Dilma após um amplo (e duro) debate na sociedade brasileira e no Congresso Nacional. Disse Azevedo:
"Eu errei. Eu vou entrevistar o presidente Lula daqui a pouco. Eu errei em ser contra a política de cotas. E quando alguém erra tem que reconhecer. Errou, reconhece. Qual é o problema? É assim que se avança"
Para um bom entendedor, meia palavra basta. O Tio Rei acenava a sua bandeira branca para Lula e deixava no ar uma exortação aos arrependidos de 2018 (a imensa maioria ainda enrustida), àqueles que - siderados pelo antipetismo incutido durante anos na cabeça do povo brasileiro pela mídia hegemônica e/ou enganados pelo lawfare da hoje desmoralizada Lava Jato e/ou engambelados pelas fake news da campanha eleitoral - contribuíram para que um psicopata alcançasse o mais alto poder da República.
Ora, errou, reconhece. Qual é o problema? É assim que se avança. Concordo plenamente!
O primeiro tema da entrevista foi sobre a condenação sem provas e a prisão injusta de Lula, cuja verdade dos fatos foi restabelecida recentemente pelo STF com a decretação da parcialidade de Sérgio Moro, o juiz ladrão. Lula profetizara isso no livro que publicou antes de ser preso - A verdade vencerá - e no histórico depoimento a Sérgio Moro, quando o ex-presidente disse ao juiz que este estava "condenado a condená-lo", pois a mídia já o fizera. Conclusivo, Lula asseverou:
"Eu estou muito tranquilo, a Lava Jato saiu da minha vida".
Pura verdade. Como são pura verdade os dados apurados pelo DIEESE que Lula apresentou sobre os prejuízos que a malfadada Operação Lava Jato deu ao país, dados estes pronta e enfaticamente chancelados pelo entrevistador, inclusive citando outras fontes. Disse Lula:
"O Ministério Público fica tentando fazer pirotecnia com a sociedade brasileira dizendo que arrecadou 4 bilhões com a Petrobras. Eles deram um prejuízo ao país de 172 bilhões de reais que deixaram de ser investidos, 47 bilhões de impostos que deixaram de ser pagos, 20 bilhões sobre folha de pagamento e 85 bilhões de massa salarial. E o resultado disso tudo são 4 milhões e 400 mil trabalhadores que perderam emprego".
No momento em que se confessou "trotskista na infância" e liberal na maturidade, Azevedo trouxe o tema das relações entre o Estado e o Mercado, discussão muito importante. Depois de afirmar ser contra o "Estado empresarial" e a favor do "Estado indutor de desenvolvimento", Lula concluiu o debate formulando mais um dos seus impagáveis chistes:
"Ô Reinaldo, faz um favor pra mim. Tenta provocar um debate entre eu e o tal Mercado. Eu quero saber quem é esse tal de Mercado que dá tanto palpite. (...) Esse mercado, se tivesse juízo, ele ia na Aparecida do Norte pagar promessa para eu voltar."
Pausa para rir. Foi o que fez Reinaldo Azevedo, cujas feições iam revelando uma crescente empatia pelo entrevistado. Aliás, arrisco dizer - baseado nas repercussões da entrevista que me chegaram por mensagens, pelas inúmeras memes que inundaram as redes sociais e pelo que li na mídia alternativa - que foi exatamente este o sentimento geral entre os ouvintes e espectadores, mesmo aqueles que não são fãs incondicionais do ex-presidente: uma profunda empatia.
Ora, Lula fala a linguagem do povo com a segurança dos sábios, como o fez pautando a discussão sobre a pandemia, sem dúvida o seu grande foco. Nesse momento, falou o Estadista:
"O Bush [ex-presidente dos EUA], eu e o Hu Jintao [ex-presidente da China] criamos o G20 para tentar salvar a economia. Por que os líderes dos países não se reúnem agora para discutir Covid-19? Por que não transformam a vacina em um Bem da Humanidade para todo cidadão ter direito à vacina? Então, o que está faltando é dirigente para tomar decisão."
Alguém discorda disso? E, certamente, não haverá de discordar do seu recado ao genocida:
"Eu espero que o Bolsonaro esteja assistindo nosso programa, pro Bolsonaro saber que não tem jeito esse país se não tiver um salário emergencial de 600 reais até terminar essa pandemia. E que essa pandemia só vai terminar quando tiver vacina pra todo mundo. Então, deixa de ser ignorante, presidente, pare de brigar com a ciência."
Não satisfeito com esse gancho no fígado do psicopata, Lula desferiu-lhe um cruzado na ponta do queixo:
"Lamentavelmente, a gente tem um presidente que não consegue falar com nenhum presidente. Jogou todas as fichas em cima do Trump. E esse cara, ninguém quer conversar com ele. E ele se fez assim.
Nós estamos vivendo um genocídio, não um genocídio de Estado como foi contra os negros e os indígenas, porque um genocídio praticado sob responsabilidade de um único homem.
Bolsonaro, quando é que você vai assumir a responsabilidade e parar de brincar de governar esse país? Pelo amor de Deus, aceita o conselho da Ciência pra cuidar do Coronavírus. Fecha a boca, Bolsonaro! Da mesma forma que você não sabe falar sobre Economia, não sabe sobre Saúde, então deixa o seu ministro da Saúde falar, deixa o pessoal do SUS falar, deixa os governadores e os prefeitos falarem."
Logo em seguida, ambos se chamaram de "companheiros". Azevedo com um largo sorriso no rosto. Como milhões de brasileiros e brasileiras que acompanharam a entrevista, todos esperançosos por dias melhores.
quinta-feira, 1 de abril de 2021
O jejum, o lockdown e a apostasia dos violentos, por Lenon Andrade
“O povo pergunta a Deus: Que adianta jejuar, se tu nem notas? Por que passar fome, se não te importas com isso?"
A verdade é que nos dias de jejum vocês cuidam dos seus negócios e exploram os seus empregados. Vocês passam os dias de jejum discutindo e brigando e chegam até a bater uns nos outros. Será que vocês pensam que, quando jejuam assim, eu vou ouvir as suas orações? O que é que eu quero que vocês façam nos dias de jejum? Será que desejo que passem fome, que se curvem como um bambu, que vistam roupa feita de pano grosseiro e se deitem em cima de cinzas? É isso o que vocês chamam de jejum? Acham que um dia de jejum assim me agrada? Não! Não é esse o jejum que eu quero!Eu quero que soltem aqueles que foram presos injustamente, que tirem de cima deles o peso que os faz sofrer, que ponham em liberdade os que estão sendo oprimidos, que acabem com todo tipo de escravidão. O jejum que me agrada é que vocês repartam a sua comida com os famintos, que recebam em casa os pobres que estão desabrigados, que deem roupas aos que não têm e que nunca deixem de socorrer os seus parentes.” (Isaías 58:3-7).
quarta-feira, 24 de março de 2021
segunda-feira, 22 de março de 2021
Uma palinha de exortação, por Gustavo Ribeiro
Deixa perguntar:
O que você vê da sua janela?
O que da sua janela você vê?
Vê a rua, a lua. Vê o dia, neon, o mar?
Vê muros, paredes, grafites? Vê outras janelas?
Vê carros, pessoas... a pressa delas?
Vê labirintos, canteiros, becos, vielas?
Da minha janela vejo nuvens, o céu azul.
Árvores, folhas, o verde.
Vejo ninhos, o voo dos passarinhos.
Vejo o norte, vejo o sul.
Vejo desconhecidos, amigos, pessoas, vizinhos.
Das nossas janelas vemos vida, e o sentido dela.
Vemos além. Vemos por dentro, por fora.
Há janela de condomínio.
Janela de bacana.
Janela de vidro temperado.
Há fresta estreita na janela da choupana.
De onde não se pode espiar o outro lado.
Há janelas no alto imponentes. Item de decoração.
Embaixo, no chão, improviso entre telhado de zinco, piso de terra batida.
O que cabe na nossa janela?
O que cabe na nossa moldura?
Cabe empatia, sensibilidade, caridade?
Cabe um espelho que possa refletir o interior, descobrir o que somos de verdade?
Uma janela que se abre,
por onde se enxerga através,
pode ser o momento,
a oportunidade,
da busca do rumo, do prumo, do caminho sem viés.
O que entra pela sua janela ilumina o canto da sala.
E o que sai por ela, o que ilumina?
A matéria, o desejo de ter?
Ou o espírito, coração, a pureza da alma, a grandeza do ser?
Pela minha janela vejo os meus, os nossos, os seus.
Pela minha janela vejo o que sou, o que creio e pra onde vou.
Da minha janela eu vejo a luz, eu vejo Deus.
sexta-feira, 19 de março de 2021
Ódio e Nojo
Enquanto milhões de brasileiros e brasileiras choram por seus mortos - familiares, amigos, colegas de trabalho, companheiros de luta, conhecidos, vizinhos e até adversários ("na morte a gente esquece", como diz o Chico) - ou que simplesmente se enternecem por empatia ao próximo;
No momento em que centenas de milhares de cidadãs e cidadãos agonizam nas UTIs lotadas, padecem em enfermarias e corredores de hospitais, se desesperam em filas infindáveis aguardando por um leito para sobreviver, falecem em ambulâncias ou esperando por socorro, morrem sufocadas em casa, num barraco, embaixo de um viaduto, na rua;
Ao mesmo tempo em que milhares de trabalhadoras e trabalhadores da Saúde arriscam as suas vidas na agoniante faina diária de uma guerra inglória em que não medem esforços para honrar o mandado de Hipócrates; no instante mesmo em que esses abnegados heróis e heroínas se extenuam, se deprimem, temem infectar a família, são infectados, adoecem, agonizam e morrem;
Na semana em que ficamos sabendo que os medicamentos necessários para a intubação dos pacientes em estado grave estão acabando nos hospitais - ao que não se atentou o néscio ex-ministro-general, mesmo escaldado pela tragédia do oxigênio em Manaus - e que as farmacêuticas nacionais informam ao novo ministro da Saúde - outro pau-mandado - que não têm capacidade de produzi-los a tempo para suprir os estoques;
No dia em que o Brasil vacinou pouco mais de 300 mil pessoas, se mantendo junto aos países com os menores índices de imunização per capita do mundo, quando poderíamos estar entre os primeiros, pois o SUS, o maior sistema público de atenção à saúde do planeta, tem condições de vacinar 2 milhões de pessoas por dia no país;
No mesmo dia em que 2.724 brasileiros e brasileiras morreram de Covid-19 e em que foram computados 86.982 novos casos, dois macabros recordes mundiais;
"Sem problema, se tu começar a sentir um negócio esquisito lá, tu segue aí a receita do ministro Mandetta: cê vai pra casa e quando você tiver [arremedo e grunhido], [repete o arremedo e o grunhido], falta de ar, aí você vai pro hospital." (Jair Bolsonaro, presidente da República Federativa do Brasil, 18/03/2021)
#ForaBolsonaro
#ImpeachmentJá
quinta-feira, 18 de março de 2021
Nordeste: centro decisivo da eleição presidencial, por Jonas Paulo
quarta-feira, 17 de março de 2021
Uma palinha sobre a vacina, por Gustavo Ribeiro
A partir de hoje, o Blog passa a publicar algumas das saborosas "Palinhas" que o meu amigo Gustavo Ribeiro apresenta diariamente na Rádio Cariri FM. São textos que tratam de temas polêmicos com simplicidade, muita verve, um raro senso de humor e nenhuma afetação. Confira:
segunda-feira, 15 de março de 2021
O poder da narrativa Lula, por Lenon Andrade
domingo, 14 de março de 2021
Vídeo: Comentário para o Programa Cariri em Ação
Na pauta: Anulação das condenações de Lula e o que acontece se o STF decidir pela suspeição de Sergio Moro.
sábado, 13 de março de 2021
sexta-feira, 12 de março de 2021
Folha de São Paulo confirma palpite do Blog
Na última quarta-feira, escrevi aqui no Blog que a decretação da suspeição de Sérgio Moro pelo STF seriam "favas contadas". Um dos argumentos que utilizei para sustentar esse prognóstico foi que, no meu sentir, Bolsonaro não teria interesse nenhum em influenciar no voto-vista do ministro Kássio Nunes Marques, indicado ao STF por ele, nessa matéria.
"Muito antes pelo contrário", enfatizei, considerando que a anulação dos processos da Lava Jato contra Lula por Fachin já haviam restabelecido os direitos políticos do ex-presidente e que, portanto, Bolsonaro não tinha nada a ganhar envolvendo-se no processo decretação da suspeição de Moro, seu adversário direto no campo da direita em 2022.
Hoje a informadíssima jornalista Mônica Bérgamo escreveu em sua coluna na Folha de São Paulo:
Jair Bolsonaro quer distância do julgamento da suspeição de Sergio Moro no STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente acredita que o ex-juiz já está fora do circuito eleitoral. E que qualquer movimento por parte do Palácio do Planalto serviria apenas para dar a ele pretexto para posar de vítima de uma perseguição.
O distanciamento do presidente frustrou os que imaginavam que ele poderia influir no voto do ministro Kassio Nunes, do STF —que pode selar o destino de Moro.Bolsonaro chegou a se interessar pelo assunto quando a declaração de suspeição de Moro poderia restituir os direitos políticos de Lula. Como isso ocorreu antes do veredicto sobre o ex-juiz, no momento em que o ministro Edson Fachin anulou as condenações do petista, o assunto saiu de seu radar.
quinta-feira, 11 de março de 2021
Lula livre, por Fred Ozanan
Hoje o Blog tem a honra de iniciar uma parceria com o genial Fred Ozanan, o maior cartunista que Campina Grande já viu nascer, publicando aqui as suas charges, graciosamente cedidas por ele.
Fred Cartunista, como é conhecido nas redes sociais, iniciou sua carreira na saudosa Gazeta do Sertão de Campina Grande, em 1984, e teve trabalhos publicados no Pasquim, Revista Cartoon, Imprensa e Bundas, dentre outras. Foi chargista político do Diário da Borborema, Jornal de Alagoas, O Norte, A Palavra, Correio da Paraíba e Estadão (RO). Frequentemente participa de salões e mostras nacionais e internacionais e já foi laureado com vários prêmios.
Na internet publica na Charge On Line e Brazil Cartoon e atualmente integra a equipe de chargistas do Portal UOL.
Siga Fred Ozanan no Instagram: @fredcartunista
quarta-feira, 10 de março de 2021
Favas contadas
Escrevi aqui no Blog que são favas contadas a decretação da suspeição de Moro pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Conversando sobre isso com o meu amigo Gustavo Ribeiro, o homem das palinhas, fiquei ainda mais convicto do meu palpite.
Senão, vejamos.
O placar está em 2X2. Votaram a favor da concessão do Habeas Corpus a Lula, isto é, pela decretação da suspeição de Sérgio Moro, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Édson Fachin (relator) e Carmem Lúcia já haviam votado contra o HC antes da interrupção do julgamento, há mais de dois anos. Cássio Nunes Marques, o único que falta votar, pediu vista.
O mais novo ministro do STF é um garantista e vem votando com Mendes e Lewandowski na 2ª Turma. Aliás, em seu primeiro processo envolvendo Lula no STF, ele votou de maneira favorável ao ex-presidente. Deve manter a coerência e votar pela suspeição. Há quem se preocupe pelo fato do ministro ter sido indicado por Bolsonaro e essa não é uma apreensão infundada nesse STF tão politizado. Mas, tudo que o genocida quer neste momento é ver Moro liquidado, pois o seu ex-ministro da Justiça é um concorrente direto dele no campo da direita. Não acho que vá pressionar Nunes Marques nessa matéria, muito antes pelo contrário. Ora, Lula já recuperou os seus direitos políticos com a anulação dos processos da Lava Jato por Fachin e é muito improvável que isso seja revertido, pois formou-se um amplo consenso no meio jurídico brasileiro de que a Lava Jato realmente extrapolou depois que vieram a público os diálogos escandalosos entre Moro, Dallagnol e companhia captados pelo hacker de Araraquara. Para Bolsonaro, já que Lula será candidato mesmo, é melhor aproveitar a ocasião e jogar a última pá de cal em Moro. Reduzirá danos. Assim, penso que Nunes Marques votará pela decretação da suspensão do ex-juiz.
Mesmo que isso não ocorra, a ministra Carmem Lúcia já disse que vai votar de novo. Ora, não há porque votar novamente se não for para mudar a sua decisão. Seria um fato inusitado, algo insólito. Além do mais, Carmem Lúcia vem dando muitos sinais de que já não é uma defensora incondicional da Lava Jato e, no julgamento de ontem, aparteou Gilmar Mendes e Ricardo Levandowski várias vezes para concordar com eles e fez questão de abrir o microfone e dizer, em alto e bom som, que o grampo nos telefones dos advogados de Lula foi um ato "gravíssimo" (sic). Por isso, Carmem Lúcia deve mudar o seu voto e encaminha-lo pela concessão do HC a Lula.
Fachin também vota de novo, mas, ao contrário de Carmem Lúcia e na contracorrente do sentir hegemônico no mundo jurídico nacional e internacional sobre esse caso, ele continua sendo um defensor obcecado da Lava Jato, sabe-se lá porque. Deve proferir um voto longo, cheio de malabarismos jurídicos e com muita empolação, para denegar o HC e justificar a sua fidelidade canina a Moro e seus asseclas. Mas, é muito provável que ficará isolado.
Assim, o meu palpite é que a profecia de Lula será confirmada pela 2ª Turma do STF. A suspeição de Moro será decretada, o ex-presidente será inocentado e, finalmente, a verdade vencerá.
A conferir.
terça-feira, 9 de março de 2021
O jogo está empatado, mas Lula já é o vencedor
Evidentemente, o restabelecimento dos direitos políticos de Lula em virtude da anulação dos processos foi festejado por todos que cremos na inocência do ex-presidente em face da absoluta falta de provas contra ele e da evidente perseguição que sofreu pelo conluio judicial-midiático da Lava Jato, em decorrência da qual hoje o Brasil padece sob o governo genocida de Jair Bolsonaro.
Entretanto, logo veio "a pulga atrás da orelha". Esmola muito grande, o santo desconfia. Fachin quis justiça para Lula ou salvação para Moro? No fim da noite de ontem, a segunda opção parecia a mais plausível. Fomos dormir ressabiados.
Hoje de manhã, o ministro Gilmar Mendes, presidente da 2ª Turma do STF e crítico acerbo da Lava Jato, se movimenta no tabuleiro e finalmente pauta o julgamento do Habeas Corpus que pede a suspeição de Moro, suspenso há mais de dois anos em função de um pedido de vista dele próprio.
Fachin não se fez de rogado. Solicitou ao presidente do STF, Luiz Fux, outro ardoroso defensor da Lava Jato ("In Fux we trust!"), que o julgamento fosse adiado. O presidente não matou no peito. Fechou-se em copas e deixou Fachin no vácuo. Mas, o bravo varão de Rondinha não desistiu da manobra protelatória e tentou adiar o julgamento na própria 2ª turma. Debalde. Ficou isolado. Finalmente, o julgamento do HC seria retomado.
Em voto histórico, Gilmar Mendes dissecou o que chama de "maior escândalo judicial da história", não sem antes ressaltar que, por decisões do próprio STF - inclusive uma relatada por Celso de Melo - Sérgio Moro foi denunciado três vezes ao Conselho Nacional de Justiça por parcialidade em outras ações penais, todas elas arquivadas por aquele órgão historicamente corporativista.
Dando seguimento ao seu voto-vista, recheado de citações dos diálogos escandalosos captados pelos hackers de Araraquara, Gilmar Mendes chamou a condução coercitiva de Lula de "hediondo espetáculo policialesco", disse que havia um "consórcio" dos procuradores e do juiz Moro com a mídia, a qual "prestava assessoria de imprensa" a eles e definiu como "coisa de regime totalitário" o grampo ilegal no escritório dos advogados de Lula, ao que foi aparteado pela ministra Carmem Lúcia, que exclamou: "Gravíssimo!". Em seguida, estupefato com a "tabelinha", nas palavras de Dallagnol, entre Moro e os procuradores, afirmou que o ex-juiz se comportou como "revisor técnico das peças do MPF". Concluiu, então, que Lula foi submetido a um "modelo autoritário de persecução penal", reconheceu "a suspeição do julgador", declarou "a nulidade do processo desde o recebimento da denúncia", verificou a "ilegalidade da prisão do paciente (Lula)" e a revogou "definitivamente". Aí veio a cereja do bolo: determinou que Sérgio Moro seja condenado ao pagamento das custas processuais da ação penal (ai!!).
Em seguida, o ministro Cássio Nunes pediu vista ao processo, mas Ricardo Levandowski proferiu o seu voto favorável à concessão do HC, cuja conclusão, por sua potência, faz-se mister transcrever: "Eu invalido totalmente esta ação penal, enfatizando que nenhum ato, mesmo após o recebimento da denúncia, pode ser, de qualquer forma, convalidado". Xeque-mate em Fachin, que resolveu dar o seu voto revisado depois do voto-vista de Cássio Nunes, no que foi seguido por Carmem Lúcia. Assim, o placar ficou em 2X2. Empate técnico.
O jogo ainda não acabou, mas Lula já é o vencedor. Em pleno gozo de seus direitos políticos, aguarda apenas a decretação da suspeição de Moro, o juiz ladrão. E isso, são favas contadas.