quinta-feira, 4 de março de 2021

Segue em paz, companheiro

 

Faleceu hoje Luiz de Souza Júnior, professor da UFPB e militante do Partido dos Trabalhadores da Paraíba, mais uma vítima dessa triste tragédia que vivemos, a Covid-19, contra a qual ele lutou - como o guerreiro que sempre foi - por sessenta longos dias de hospitalização. 

Conheci Luiz Júnior quando ele era chefe de gabinete do reitor Rômulo Polari na UFPB e eu pró-reitor de Projetos Estratégicos da UFCG, ocasião em que nós coordenávamos os projetos de expansão de nossas Instituições no âmbito do Plano de Expansão das Universidades Federais, lançado pelo governo Lula em 2004. Compartilhamos muitas ideias, angústias e alegrias no desempenho dessa missão desafiadora e a UFPB deve a Luiz Júnior o seu Campus IV, situado em Mamanguape e Rio Tinto. Seria justo homenageá-lo dando o seu nome àquele centro de formação.

Pessoa extremamente afável, porém franco, sincero e objetivo, Luiz Júnior era um verdadeiro gentlemanGraduado em Ciências Econômicas pela UFPB e Mestre e Doutor em Educação pela UFPB e USP, o professor Luiz Júnior foi secretário de Educação da capital, coordenador de programas profissionais da Área de Educação da CAPES, conselheiro do Conselho Estadual de Educação do Estado da Paraíba e presidente do Diretório Municipal do  PT de João Pessoa.

A Paraíba perde um grande homem e o campo democrático-popular do nosso Estado, tão carente de personalidades ínclitas como ele, deixa de contar com um militante sério, combativo e coerente.

Segue em paz, companheiro.

quarta-feira, 3 de março de 2021

terça-feira, 2 de março de 2021

UFCG: uma transição vergonhosa

 

A mais recente transição na reitoria da UFCG é uma vergonha. Depois de uma eleição limpa e muito  participativa em que a chapa que disputava a recondução aos cargos foi eleita, seguiram-se vários capítulos patéticos.

Não digo que seja o caso da elaboração da lista tríplice pelo Colegiado Pleno, que seguiu o rito legal, mas essa tal lista de três nomes a ser encaminhada para o presidente da República escolher qual ele desejar é, ela própria, patética. Esse dispositivo autoritário, que foi instituído pela ditadura militar através da famigerada reforma universitária de 1968 para controlar as universidades com mão de ferrodeveria ter sido extirpado da legislação depois que a Constituição de 1988 consagrou a autonomia universitária como princípio fundamental. Mas, Fernando Henrique Cardoso e o então ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, resolveram mantê-lo na Lei 9.192, de 1995, perpetuando esse rotundo mecanismo de ataque à autonomia universitária. O "príncipe da Sociologia" é um cínico: fala uma coisa e pratica outra. Para quem duvida, é bom lembrar que ele mandou todo mundo esquecer o que ele havia escrito antes de se tornar presidente da República...

Seja como for, Lula e Dilma sempre nomearam os mais votados pela comunidade universitária, prática que adotaram para todas as listas tríplices, inclusive para a Procuradoria Geral da República. Foram coerentes e republicanos. Optaram pela legitimidade democrática ao invés de se esconderem sob o manto da legalidade autoritária.

Ao contrário dos presidentes petistas, esse régulo que atende pelo nome de Jair Bolsonaro tem feito justamente o contrário: faz questão de não nomear os eleitos pela comunidade universitária. Já fez isso 20 vezes, todas em que teve a oportunidade de nomear reitores, como a dizer: "aqui quem manda sou eu". Típico desse traste ignaro que hoje ocupa o Palácio da Alvorada.

Foi essa postura que "seduziu" os professores John Kennedy Guedes e Marcus Vinícius Lia Fook, candidatos a reitor e vice que ficaram em segundo lugar numa eleição em que se apresentaram à comunidade universitária como "candidatos de esquerda" e assinaram um documento em que se comprometiam a não assumirem os cargos caso não vencessem a eleição. Tudo mentira, oportunismo puro. Demonstrando uma falta de caráter espantosa e uma estupidez monumental, esses dois farsantes enviaram um vídeo estulto e sabujo ao presidente da República mendigando a nomeação. 

Mais patético do que isso, só mesmo a nomeação dos professores Antônio Fernandes Filho e Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti-Mata, que obtiveram menos de 20% dos votos.

Entretanto, essa ópera-bufa não terminou aí. Nomeados no dia 23 de fevereiro, Antônio e Mario não se dignaram a procurar o reitor em exercício para o estabelecimento de uma transição que não traga solução de continuidade aos inúmeros processos didático-científicos, administrativos e de gestão financeira e patrimonial da universidade. Fecharam-se em copas, sabe-se lá porque. 

Isso levou o ex-reitor e o reitor em exercício a emitirem a nota que reproduzo acima, o que deu azo a mais um capítulo patético nessa novela de quinta categoria. No dia posterior, às 7h35, como a querer escapar do vexame, Antônio correu a protocolar um requerimento no sistema eletrônico de informações da UFCG (Processo SEI nº 23096.009918/2021-31) solicitando uma data para iniciar o processo de transição, mas, às 8h50, ele cancelou o requerimento e o substituiu por outro, que também seria cancelado às 9h29, quando finalmente ele protocolou o documento em sua forma final. Ufa, nem Os Trapalhões fariam melhor...

O que Antônio e Mário deveriam fazer era renunciar aos cargos que vão ocupar de maneira espúria, contra a vontade da comunidade universitária. Assim, eles respeitariam o processo de escolha democrática a que se submeteram e honrariam a tradição republicana de nossa Instituição. Mas, atos nobres não têm lugar na Bolsolândia.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Porque Bolsonaro ama a pandemia


É inacreditável que um presidente da República possa agir de maneira tão vil diante da morte de milhares e do sofrimento de milhões de cidadãos e cidadãs sob o seu governo, como Bolsonaro vem fazendo desde o início da pandemia do covid-19. Negação, omissão, desídia, indiferença, desinformação, sabotagem, chacota e transferência de responsabilidade: é isso que ele faz e promove no contexto da maior crise sanitária da história da Brasil, que já ceifou mais de 255 mil vidas.

É inacreditável, mas é explicável. 

Em primeiro lugar, todo fascista é um necrófilo. Sente prazer com a morte e o sofrimento do outro. Tem orgasmo ao torturar e matar. Não há como esperar um mínimo de empatia e humanidade de um sujeito cujo herói é o coronel Brilhante Ustra, o monstro sádico que na ditadura militar chefiou o DOI-Codi - o "quartel-general" da tortura - e que tinha como prática estuprar e inserir ratos vivos na vagina de suas vítimas, entre outras barbaridades. Esse mesmo sujeito, hoje presidente da República, que disse que a ditadura militar "deveria ter matado uns 30 mil" no Brasil. Jair Bolsonaro é um fascista, ele cultua a morte, por isso ama a pandemia.

Mas, há algo além de deficiência de caráter nessa tara bolsonariana. Sua postura nefanda tem alguma coisa de estratégia. Embora a pandemia afete pessoas de todas as idades e classes sociais, a mortalidade é infinitamente maior entre os pobres e os idosos, como se sabe. Pessoas que, na visão de neoliberais fanáticos como ele, são tão-somente "pesos mortos" para o país: melhor que morram mesmo, o quanto antes, pois assim, eles ajudam no "equilíbrio das contas públicas", no "ajuste fiscal" e a resolver os (alegados) problemas de caixa da previdência social. Por seu pragmatismo patológico, Bolsonaro ama a pandemia.

O presidente mais preguiçoso e incapaz que este país já teve também ama a covid-19 por interesses eleitoreiros. Por um lado, enquanto houver pandemia, Bolsonaro vai se eximindo de sua própria incúria administrativa e incompetência em governar, pois tudo será culpa dela. Ou dos governadores, ou dos prefeitos, ou do fórum de São Paulo, ou do diabo que o carregue. Por outro lado, Bolsonaro alimenta as hordas de imbecis teleguiados que o seguem com as suas diatribes negacionistas e obscurantistas que, espalhadas pelas redes sociais por robôs e gentes, ajudam a manter os seus inacreditáveis 30% de popularidade. Para quem acreditou em kit gay e mamadeira de piroca, tudo é possível. Afinal de contas, o homem é um mito...

Pode haver, ainda, interesses mais venais naquela personalidade doentia. Como um negociante vulgar, o ex-deputado que enriqueceu a si e aos filhos com "rachadinhas" y otras cosítas más, pode ter visto uma "oportunidade" na crise, mesmo sendo ela das mais lúgubres. Não sei não, mas essa coisa de "prescrever" e propagandear insistentemente remédios contraindicados por médicos e cientistas, que explodiram em vendas da noite para o dia, me cheira a jabá. E ele, como um dos mais proeminentes espécimes do baixo clero da política nacional, adora um jabá. Sabe-se lá o que pode urdir aquela mente insana. A conferir...

Finalmente, mas não menos importante, embora Bolsonaro combata o isolamento social e não se canse de promover aglomerações, ele sabe que o campo democrático-popular respeita a ciência e a vida e, por responsabilidade, empatia e coerência, suas lideranças não vão promover manifestações de rua, que seriam o único meio para desgastá-lo, isolá-lo e - quem sabe? - impedi-lo de seguir governando o país como um psicopata sanguinário. Também por isso, Bolsonaro ama a pandemia e abomina a vacina (para os outros).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O Brasil será o pária do Mundo?


Há poucos meses, o beócio Ernesto Araújo, considerado o pior diplomata do Mundo, esbravejou numa formatura de novos diplomatas: "que sejamos pária!". No mesmo grotesco discurso, o obtuso chanceler disse ainda que a "estratégia marxista" é transformar em "ismos" qualquer tipo de assunto e que a pandemia da covid-19 seria um exemplo disso, pois ela teria virado um "covidismo".

O ministro negacionista atirou no que viu e acertou no que não viu. Querendo ideologizar uma questão de saúde pública para justificar a desídia com a qual o governo Bolsonaro trata a maior crise sanitária vivida pelo país nos últimos cem anos, esse ser minúsculo fez um profecia sinistra: o Brasil corre o risco de se tornar um pária não por ser dominado pela "estratégia marxista" (dá para acreditar?), mas por estar submetido à estratégia genocida do governo ao qual ele serve com fidelidade canina.

Senão, vejamos. Os gráficos reproduzidos acima, extraídos do site Worldometers, expressam as médias móveis de óbitos pela covid-19 nos nove países com o maior número de casos até o dia 24/02/2021. A amostra é bastante representativa, pois envolve países desenvolvidos e em desenvolvimento, grandes e pequenos, situados nos dois hemisférios terrestres e em três continentes diferentes. E o que se observa é que o Brasil é o único país com uma curva ascendente de óbitos atualmente. Não é a Índia - país com a segunda maior população do planeta (1,5 bilhão de habitantes) e 131º na escala do IDH - nem a Turquia - nação pobre, dividida por várias etnias e em constante conflito com os países vizinhos - nem a imensa Rússia, o maior país do Mundo, nem as nações da Europa, com populações muito mais envelhecidas que a brasileira, nem mesmo os Estados Unidos, o "campeão" em casos e mortes provocadas pela pandemia.

É o Brasil o único país entre os mais afetados pelo coronavírus no Mundo em que o número de mortes vem aumentando. O Brasil, que tem o SUS, um dos maiores, senão o maior sistema público de atenção à saúde do Mundo, capilarizado nos 5.570 municípios do país. O Brasil, que tem um histórico invejável de campanhas públicas de vacinação e que tem condições de vacinar 2 milhões de pessoas por dia, segundo o renomado médico Gonzalo Vecina Neto. O Brasil, que tem a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto Butantan e indústrias farmacêuticas plenamente capazes de produzir vacinas para suprir essa demanda. O Brasil, que em 2010 conseguiu vacinar 92 milhões de pessoas contra o H1N1 em apenas três meses e foi o país que mais vacinou em relação ao percentual da população total em todo o Mundo.

Não vou aqui desfiar as causas pelas quais o nosso povo sofre e perece sob a covid-19. Elas são de conhecimento público e se explicitam na profecia involuntária do chanceler beócio e na conduta do pior presidente da República que esse país já teve em tempos democráticos (os generais da ditadura militar são imbatíveis).

A seguir nesse passo em que estamos no enfrentamento à covid-19, quando os demais países estiverem com a pandemia sob controle e com suas economias se recuperando, ainda estaremos com os nossos hospitais lotados, as pessoas sofrendo à espera de um leito, as famílias chorando os seus mortos, nós todos em quarentena em nossas casas e a crise econômica se aguçando dia-a-dia. Nenhum país aceitará a entrada de brasileiros em seus territórios e nem permitirá que seus cidadãos para aqui se dirijam. Estaremos isolados. O Brasil será o pária do Mundo. 

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O Falcão e a Rainha da Borborema, por Carlos Andrade


Por Carlos Andrade*

Após quinze dias de iniciado o horário de propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV e de muita movimentação nas redes sociais, o eleitorado da cidade de Campina Grande-PB ainda não tem uma definição sobre em quem vai votar para prefeito. É o que se pode inferir do resultado da pesquisa de intenção de voto para Prefeito de Campina Grande-PB, realizada pelo Instituto Opinião.

Segundo reportagem do blog de notícias MaisPB (aqui), as entrevistas foram realizadas entre os dias 22 e 23 de outubro do corrente, a vinte e cinco dias das eleições. Abrangendo uma amostra de 600 respondentes, considerando um intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. Os resultados, apresentados na forma de gráficos, exaltam a liderança do candidato do atual prefeito, porém uma outra narrativa pode ser inferida. Considerando as respostas estimuladas e espontâneas, os candidatos Bruno Cunha Lima e Inácio Falcão mantém uma distância muito semelhante, na disputa pela primeira colocação. Na espontânea estão separados por 18 pontos percentuais e na estimulada por 20 pontos percentuais (lembrar que a margem de erro da pesquisa é de quatro pontos percentuais). Na segunda colocação vislumbra-se um empate técnico entre Inácio Falcão e a candidata Ana Cláudia. Os demais três candidatos somam 8,3% na estimulada e na espontânea apenas Olímpio Rocha aparece com 1%. 

O fato essencial para a estratégia eleitoral dos candidatos com estes resultados é o que mostram os percentuais de “Branco/Nulo/Nenhum” e “Indeciso/Não sabe”. Agregando estas categorias numa categoria chamada indefinidos, verifica-se que nas respostas estimuladas o percentual chega a aproximadamente 25% da amostra, ou um quarto do eleitorado. Considerando as respostas espontâneas, observa-se cerca de 45% de indefinidos, sendo um terço (33%) de “Indeciso/Não sabe”. Na questão sobre rejeição verifica-se um pouco mais de um terço (33,7%) de “Indeciso/Não sabe”. Desta forma, pode-se inferir que, pelo menos, um terço do eleitorado ainda está indefinido quanto ao seu voto. 

Neste cenário, pode-se imaginar que, para ganhar a eleição no primeiro turno, o candidato do atual prefeito teria que absorver os votos dos “Indecisos/Não sabe” (37,2% + 13% = 50,2%) ou os votos de Ana Cláudia (12,5%) mais alguns indecisos. Esta conjectura não é estranha ao histórico das disputas eleitorais da Paraíba e especialmente em Campina Grande. Os dois candidatos representam as três oligarquias familiares que dominam a administração da cidade por mais de trinta anos, de perfil conservador com verniz modernizante. Nesta campanha, declaradamente bolsonaristas.

O candidato Inácio Falcão surge como alternativa viável de mudança na gestão da cidade. Experiente político com autêntica personalidade popular, tem anos de trabalho social junto à população de precarizados e vulneráveis do município. Compondo uma chapa de frente ampla democrática aglomera em torno de si forças que propugnam por reais mudanças em favor do povo campinense.

Conclusão: o cenário que se desenha mais desafiante seria a ocorrência de uma aliança entre as oligarquias locais (muito factível) juntando Bruno Cunha Lima e Ana Cláudia frente à campanha de Inácio Falcão, que teria de brigar por votos dos indecisos. Emocionante desfecho.

(*) Carlos Andrade é Economista, Professor aposentado da UFCG e Dirigente Municipal do PT de Campina Grande.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Blog

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O PT e as eleições de 2020, por José Guimarães

 

O PT tem sido alvo de críticas em relação a sua participação nas eleições, processo totalmente em aberto até o momento. Fazer projeções agora só pode ser por maldade. Tem havido críticas injustas às esquerdas, em especial ao PT.

A realidade desmente tese que tem sido difundida a respeito de suposto “isolamento do PT” no processo eleitoral atual ou de “resistência” do partido a alianças. O PT disputa as eleições nos maiores centros políticos do País. Em três  capitais tem alianças com o Psol, em outras três com o PCdoB, em cinco outras com a Rede e em duas com o PSB.

Em todo o País, o PT apoia 173 candidatos do PDT, que apoia petistas em 134 cidades. O PT apoia 140 candidaturas do PSB, que por sua vez apoia 117 do PT. O PCdoB recebe apoio do PT em 45 localidades e dá apoio a petistas em 152 cidades. O PT apoia candidatos do Psol em 16 cidades e recebe apoio do partido em 50. Já a Rede tem o apoio do PT em 13 cidades e dá apoio a candidaturas petistas em 29 localidades.

As alianças comprovam a firme disposição do PT para fortalecer as forças democráticas antibolsonaristas na resistência ao autoritarismo e aos retrocessos patrocinados pelo governo atual em todas as áreas. De todo modo, é importante salientar que, com o fim das coligações e com a cláusula de barreira, é de vital importância aos partidos o lançamento de candidaturas próprias para a divulgação de seus programas.

O PT vive um quadro bastante diferente de 2016, quando foi alvo de um golpe de Estado e das perseguições da Lava Jato. Tem hoje em torno de 1.500 candidaturas às prefeituras registradas no Tribunal Superior Eleitoral e cerca de 29 mil candidatos a vereadores e vereadoras em todo o País. O PT está num processo de reconquista do eleitorado.

A presença do PT é valorizada porque o povo brasileiro conhece o legado dos governos petistas (2003 até o golpe de 2016).

 Quem não valoriza a política ou os políticos e fala sobre antipetismo comete dois erros. Primeiro, é pela política que podemos resolver democraticamente os problemas da sociedade, como constataram os gregos há mais de 2 mil anos. Em relação ao antipetismo, é uma falácia. Basta dizer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o principal transferidor de votos no País, inclusive em São Paulo, a despeito da perseguição política, midiática e judicial de que foi vítima.

As eleições de 2020 abrem um processo de disputa política com alianças que pavimentam caminho para a reconquista do governo central em 2022, por forças progressistas que coloquem o Brasil nos trilhos antes que seja destruído pelo atual governo.

A frente democrática se constrói nas alianças com partidos progressistas nas eleições municipais e na resistência no Congresso Nacional à agenda conservadora e supressora de direitos do atual governo. 

José Guimarães é deputado federal (PT-CE) e coordenador nacional do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do partido.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O PT da Paraíba na largada das eleições de 2020

Neste ano, o Partido dos Trabalhadores (PT) participará das eleições em 86 municípios paraibanos, o que representa 38,5% do total, cifra bastante significativa.

O PT registrou 26 candidaturas a prefeito(a) e 34 a vice, totalizando 60 nomes em chapas majoritárias, número que deverá ser reduzido para 59 em função da pendência em João Pessoa, onde o Diretório Municipal registrou um candidato a prefeito (Anísio Maia), o qual foi impugnado pelo Diretório Nacional, que registrou Antônio Barbosa como candidato a vice-prefeito na chapa do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). Seja como for, o PT disputará a majoritária em 36 municípios paraibanos, mas além dessas coligações em que aparece como cabeça de chapa ou vice, os petistas apoiarão candidatos(as) a prefeito(a) de outros partidos em 46 municípios, totalizando 82 coligações majoritárias.

Os partidos mais importantes nessas coligações são o CIDADANIA e o PDT, com um total de 26 parcerias. São 14 coligações com o CIDADANIA – sendo 4 chapas em que o PT apresenta o vice e 10 candidatos(as) a prefeito(a) do CIDADANIA com vices de outros partidos ou do próprio CIDADANIA – e 12 coligações com o PDT, sendo três chapas PDT/PT, uma chapa PT/PDT, sete candidatos(as) do PDT com vices de outros partidos ou do próprio PDT apoiadas pelo PT e uma chapa “puro sangue” do PT apoiada pelo PDT. Logo em seguida vem o PL, com sete coligações, sendo uma delas encabeçada por Olivânio Remígio em Picuí, única cidade em que o PT concorre à reeleição para prefeito, e cinco com o PSB, número que pode chegar a seis caso o TRE acate a posição do Diretório Nacional do PT em João Pessoa.

No que tange às candidaturas proporcionais, o PT registrou 455 candidatos(as) em 60 municípios, sendo 293 homens (64%) e 162 mulheres (36%). Essa diferença em termos de abrangência territorial se explica porque os pequenos municípios enfrentaram grandes dificuldades na composição das chapas de vereadores(as) com o fim das coligações na proporcional, algo que afetou todos os partidos. De fato, o PT inscreveu candidaturas proporcionais em 4 municípios em que não participa de coligações majoritárias, mas não as apresentou em 26 municípios em que participa, sendo nove onde compõe chapa majoritária e 17 onde participa das coligações sem ter candidatos(as) a prefeito(a) ou vice. 

A maior chapa proporcional é a de Campina Grande – cidade em que o partido apoia Inácio Falcão (PCdoB) à Prefeitura – com 33 candidatos(as) a vereador(a), sendo 23 homens e 10 mulheres. Em seguida, vem o município de Patos, onde o PT disputa a prefeitura com Lenildo Morais encabeçando uma ampla coligação de centro-esquerda (PT/PDT/MDB/AVANTE/PSOL/UP), com 26 candidatos(as) à vereança, sendo 18 homens e 8 mulheres. Seguem João Pessoa, com 25 candidatos(as) e Santa Rita, onde o partido não compõe nenhuma coligação majoritária, com 22 nomes. A quinta maior chapa à Câmara de Vereadores é de Alagoa Nova, onde 17 candidatos(as) petistas disputam as 11 vagas disponíveis.

Não se sabe onde o PT poderá chegar nas eleições de 2020 na Paraíba, mas o partido, notório por sua militância aguerrida, mostra muita força na largada da corrida eleitoral.


domingo, 28 de junho de 2020

A militância do PT em CG quer candidatura própria a prefeito, garante Márcio Caniello

Por VANILDO SILVA*


Caniello: "É a oportunidade do PT voltar a dialogar com a sociedade campinense"


Professor da UFCG no curso de Ciências Sociais, Márcio Caniello vem construindo o processo para a consolidação do seu nome como pré-candidato a prefeito de Campina Grande pelo Partido dos Trabalhadores.

Ex-presidente do Diretório Municipal do PT na cidade, Caniello enfrenta a resistência do atual presidente da legenda, professor Hermano Nepomuceno, que é contrário a tese de candidatura própria a prefeito, mas conta com o apoio de quase 150 militantes que subscreveram e tornaram público  um manifesto em defesa da sua pré-candidatura.

Em entrevista exclusiva para o BOA NOTÍCIA PB, Márcio justifica que seu desejo de ser candidato a prefeito pelo  PT está amparado na resolução do Congresso Nacional do partido, realizado no final do ano passado. Ele também revela  que essa é principalmente  a vontade da militância  petista campinense.

Márcio Caniello critica a gestão do prefeito Romero Rodrigues e enfatiza que o maior problema da Prefeitura de Campina hoje  é o empreguismo vergonhoso.

Confira a entrevista.

"Nossa candidatura vai ajudar na eleição dos vereadores do partido",  reforça Caniello

BN – Como o sr. avalia a posição do presidente do seu partido, professor Hermano Nepomuceno, ao defender que todas as estratégias  do PT no pleito municipal de Campina deste ano  priorizem apenas  a chapa proporcional?

MÁRCIO CANIELLO – Essa não é uma visão hegemônica em Campina Grande e muito menos em nível nacional do partido. É claro que nós não diminuímos a importância das eleições proporcionais. Mas um fato interessante é que só conseguimos eleger vereadores em toda sua história de luta na Paraíba quando tínhamos alguém do partido na chapa majoritária. Nossa tese é que a candidatura própria reforça a chapa proporcional, ainda mais no ano que não teremos coligações nas proporcionais. Nossa candidatura vai ajudar muito as candidaturas a vereador do partido.

BN – Por que o PT de CG deve ter candidatura própria a prefeito?

MÁRCIO CANIELLO – Porque o Congresso Nacional do PT realizado no final do ano passado definiu como orientação no país a  apresentação de candidaturas próprias a prefeito onde for possível. Outra resolução política da Executiva é que em municípios com mais de 100 mil habitantes, onde haja segundo turno e que tenham geração de rádio e tv,   são prioritários no entendimento do PT nacional para as candidaturas próprias, especialmente no Nordeste. Campina Grande se enquadra nesses princípios.

BN – Acredita que sua pré-candidatura vai prosperar?

MÁRCIO CANIELLO – Nós estamos trabalhando para isso. Eu não posso deixar de atender ao chamado de 142 companheiros e companheiras do Partido dos Trabalhadores de Campina Grande que assinaram um manifesto com uma representatividade muito grande. São sindicalistas, lideranças comunitárias, professores, servidores públicos, microempresários, estudantes, artistas, intelectuais, movimento LGBT, mulheres, enfim trabalhadores, trabalhadoras e profissionais liberais. É um conjunto de companheiros que entende a importância da candidatura própria do PT em Campina. A ultima vez que o PT lançou candidatura própria na cidade foi em 2004. O Partido dos Trabalhadores tem que voltar a dialogar com a sociedade campinense e nós temos a convicção que a militância quer uma candidatura própria para ir às ruas defender o legado do Partido dos Trabalhadores na cidade que acabou com a crise hídrica de Campina, construiu 10 mil casas e apartamentos e garantiu recursos para a expansão da UFCG.

BN -  Alguns petistas na cidade articulam  apoio a uma candidatura proposta pelo FÓRUM PRÓ-CAMPINA. Como vê essa articulação?

MÁRCIO CANIELLO – Faço parte do Fórum e  tenho participado da discussão. É mais programático e tem a intenção de definir um programa mínimo de governo para os candidatos ou candidatas a prefeito do campo democrático e popular de Campina Grande. O Fórum está funcionando muito bem, trazendo propostas e questões para que os candidatos do campo democrático e popular se proponham a disputar as eleições e possam se comprometer com uma pauta mínima.

BN -    Que propostas a eventual pré-candidatura a prefeito de Márcio Caniello apresentará ao povo de Campina?

MÁRCIO CANIELLO – Vamos defender em primeiro lugar a transição ecológica para Campina Grande, tanto da gestão quanto da cidade. Esse é o eixo central das diretrizes do modo petista de governar das eleições de 2020. Temos que pensar cidades mais sustentáveis. Em Campina a questão da água é central. Em segundo lugar defendemos uma cidade compacta, conectada e coordenada. Precisamos ter conexão entre os diversos bairros da cidade e regiões, integrando os seus habitantes em torno de um projeto que seja inclusivo. Temos que discutir muito o transporte público, programa das calçadas, garantindo a acessibilidade. A terceira diretriz  diz respeito as cidades inteligentes, a universalização do acesso a internet que é um direito fundamental, vendo a capacidade financeira de cada cidadão, ampliação dos espaços de participação nos Conselhos Municipais, revigorar os Clubes de Mães e SABs por meio de parcerias com a Prefeitura, estabelecendo um diálogo mais produtivo. Vamos trazer para a cidade  o Orçamento Participativo  2.0, que terá não apenas a participação do cidadão na deliberação, sobretudo no monitoramento da aplicação dos recursos. Nós vamos reinventar o OP em CG, acabar com o empreguismo vergonhoso existente hoje na prefeitura de CG; implantar o IPTU progressivo, extinguir  a especulação imobiliária, revisar a planta de valores da cidade.

BN  - Qual o maior problema da Prefeitura de Campina Grande hoje?

MÁRCIO CANIELLO – O empreguismo. O que se vê hoje na estrutura da Prefeitura de Campina são cabides de empregos no Gabinete do Prefeito, nas secretarias e autarquias. Tem aí um monte de sites denunciando essa vergonha, a partir de dados disponibilizados pelo TCE, através do Sagres. É preciso fazer concurso público  para acabar com o empreguismo vergonhoso. 

(*) Jornalista-editor do Boa Notícia PB
e produtor do Boa Notícia no Rádio



quinta-feira, 11 de junho de 2020

Porque o PT deve ter candidatura própria à prefeitura de Campina Grande

Vídeo veiculado no Programa Itararé Notícias da TV Itararé no dia 10/06/2020, em que respondo a pergunta do jornalista Arimatéa Souza sobre a principal razão para o Partido dos Trabalhadores disputar a prefeitura de Campina Grande nas eleições de 2020.