Há poucos meses, o beócio Ernesto Araújo, considerado o pior diplomata do Mundo, esbravejou numa formatura de novos diplomatas: "que sejamos pária!". No mesmo grotesco discurso, o obtuso chanceler disse ainda que a "estratégia marxista" é transformar em "ismos" qualquer tipo de assunto e que a pandemia da covid-19 seria um exemplo disso, pois ela teria virado um "covidismo".
O ministro negacionista atirou no que viu e acertou no que não viu. Querendo ideologizar uma questão de saúde pública para justificar a desídia com a qual o governo Bolsonaro trata a maior crise sanitária vivida pelo país nos últimos cem anos, esse ser minúsculo fez um profecia sinistra: o Brasil corre o risco de se tornar um pária não por ser dominado pela "estratégia marxista" (dá para acreditar?), mas por estar submetido à estratégia genocida do governo ao qual ele serve com fidelidade canina.
Senão, vejamos. Os gráficos reproduzidos acima, extraídos do site Worldometers, expressam as médias móveis de óbitos pela covid-19 nos nove países com o maior número de casos até o dia 24/02/2021. A amostra é bastante representativa, pois envolve países desenvolvidos e em desenvolvimento, grandes e pequenos, situados nos dois hemisférios terrestres e em três continentes diferentes. E o que se observa é que o Brasil é o único país com uma curva ascendente de óbitos atualmente. Não é a Índia - país com a segunda maior população do planeta (1,5 bilhão de habitantes) e 131º na escala do IDH - nem a Turquia - nação pobre, dividida por várias etnias e em constante conflito com os países vizinhos - nem a imensa Rússia, o maior país do Mundo, nem as nações da Europa, com populações muito mais envelhecidas que a brasileira, nem mesmo os Estados Unidos, o "campeão" em casos e mortes provocadas pela pandemia.
É o Brasil o único país entre os mais afetados pelo coronavírus no Mundo em que o número de mortes vem aumentando. O Brasil, que tem o SUS, um dos maiores, senão o maior sistema público de atenção à saúde do Mundo, capilarizado nos 5.570 municípios do país. O Brasil, que tem um histórico invejável de campanhas públicas de vacinação e que tem condições de vacinar 2 milhões de pessoas por dia, segundo o renomado médico Gonzalo Vecina Neto. O Brasil, que tem a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto Butantan e indústrias farmacêuticas plenamente capazes de produzir vacinas para suprir essa demanda. O Brasil, que em 2010 conseguiu vacinar 92 milhões de pessoas contra o H1N1 em apenas três meses e foi o país que mais vacinou em relação ao percentual da população total em todo o Mundo.
Não vou aqui desfiar as causas pelas quais o nosso povo sofre e perece sob a covid-19. Elas são de conhecimento público e se explicitam na profecia involuntária do chanceler beócio e na conduta do pior presidente da República que esse país já teve em tempos democráticos (os generais da ditadura militar são imbatíveis).
A seguir nesse passo em que estamos no enfrentamento à covid-19, quando os demais países estiverem com a pandemia sob controle e com suas economias se recuperando, ainda estaremos com os nossos hospitais lotados, as pessoas sofrendo à espera de um leito, as famílias chorando os seus mortos, nós todos em quarentena em nossas casas e a crise econômica se aguçando dia-a-dia. Nenhum país aceitará a entrada de brasileiros em seus territórios e nem permitirá que seus cidadãos para aqui se dirijam. Estaremos isolados. O Brasil será o pária do Mundo.
Muito legal seu artigo. Parabéns por contribuir com o progresso da ciência.
ResponderExcluirEm um país onde o chefe maior do executivo nega a ciência, desdenha da dor de milhares de brasileiros que enterram seus entes queridos em números nefastos e diários, não é de se admirar que um(ou quase todos)ministro que compõem essa locomotiva da destruição do da economia brasileira,tivesse um pensamento tão minusculo
ResponderExcluirDesse jeito prof Márcio, quem viver verá. Acho que a intenção é essa mesmo. Diminuir a grande massa pobre do país através da aniquilação pelo vírus - e o povo gosta e contribui. É o que se vê todo dia.
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