Escrevi aqui no Blog que são favas contadas a decretação da suspeição de Moro pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Conversando sobre isso com o meu amigo Gustavo Ribeiro, o homem das palinhas, fiquei ainda mais convicto do meu palpite.
Senão, vejamos.
O placar está em 2X2. Votaram a favor da concessão do Habeas Corpus a Lula, isto é, pela decretação da suspeição de Sérgio Moro, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Édson Fachin (relator) e Carmem Lúcia já haviam votado contra o HC antes da interrupção do julgamento, há mais de dois anos. Cássio Nunes Marques, o único que falta votar, pediu vista.
O mais novo ministro do STF é um garantista e vem votando com Mendes e Lewandowski na 2ª Turma. Aliás, em seu primeiro processo envolvendo Lula no STF, ele votou de maneira favorável ao ex-presidente. Deve manter a coerência e votar pela suspeição. Há quem se preocupe pelo fato do ministro ter sido indicado por Bolsonaro e essa não é uma apreensão infundada nesse STF tão politizado. Mas, tudo que o genocida quer neste momento é ver Moro liquidado, pois o seu ex-ministro da Justiça é um concorrente direto dele no campo da direita. Não acho que vá pressionar Nunes Marques nessa matéria, muito antes pelo contrário. Ora, Lula já recuperou os seus direitos políticos com a anulação dos processos da Lava Jato por Fachin e é muito improvável que isso seja revertido, pois formou-se um amplo consenso no meio jurídico brasileiro de que a Lava Jato realmente extrapolou depois que vieram a público os diálogos escandalosos entre Moro, Dallagnol e companhia captados pelo hacker de Araraquara. Para Bolsonaro, já que Lula será candidato mesmo, é melhor aproveitar a ocasião e jogar a última pá de cal em Moro. Reduzirá danos. Assim, penso que Nunes Marques votará pela decretação da suspensão do ex-juiz.
Mesmo que isso não ocorra, a ministra Carmem Lúcia já disse que vai votar de novo. Ora, não há porque votar novamente se não for para mudar a sua decisão. Seria um fato inusitado, algo insólito. Além do mais, Carmem Lúcia vem dando muitos sinais de que já não é uma defensora incondicional da Lava Jato e, no julgamento de ontem, aparteou Gilmar Mendes e Ricardo Levandowski várias vezes para concordar com eles e fez questão de abrir o microfone e dizer, em alto e bom som, que o grampo nos telefones dos advogados de Lula foi um ato "gravíssimo" (sic). Por isso, Carmem Lúcia deve mudar o seu voto e encaminha-lo pela concessão do HC a Lula.
Fachin também vota de novo, mas, ao contrário de Carmem Lúcia e na contracorrente do sentir hegemônico no mundo jurídico nacional e internacional sobre esse caso, ele continua sendo um defensor obcecado da Lava Jato, sabe-se lá porque. Deve proferir um voto longo, cheio de malabarismos jurídicos e com muita empolação, para denegar o HC e justificar a sua fidelidade canina a Moro e seus asseclas. Mas, é muito provável que ficará isolado.
Assim, o meu palpite é que a profecia de Lula será confirmada pela 2ª Turma do STF. A suspeição de Moro será decretada, o ex-presidente será inocentado e, finalmente, a verdade vencerá.
A conferir.