Causou polêmica uma
pesquisa nacional realizada em 2010, na qual foram entrevistadas mais de 10 mil
famílias rurais em 17 estados brasileiros. Isso porque os resultados
demonstraram claramente que a imensa maioria dos entrevistados avaliava que a
sua vida havia melhorado muito entre 2003 e 2010. Para se ter uma ideia, 74%
deles afirmaram que, naquele período, nenhum ou poucos membros da família haviam
sido obrigados a deixar a propriedade em busca de trabalho para sobreviver, enquanto
60% deles afirmaram que a situação econômica, o estado nutricional e as
condições de moradia da família haviam melhorado. O ceticismo foi grande, mesmo
entre os próprios pesquisadores das 27 equipes envolvidas. Não para mim,
que escrevi um artigo científico sustentando que os resultados da pesquisa
apontavam que as políticas públicas do governo Lula haviam contribuído muito
para a melhoria das condições de vida das famílias rurais brasileiras (leia aqui). Agora,
os resultados do Censo Agropecuário de 2017, publicados recentemente pelo IBGE, confirmam a pesquisa nacional e a minha avaliação sobre ela. Senão, vejamos.
Em primeiro lugar, se
verifica que o Programa Luz para Todos teve um forte impacto nas condições de
vida no campo, pois o percentual de estabelecimentos agropecuários com energia
elétrica no Brasil subiu de 69% em 2006 para 83% em 2017. Na Região Norte, a
que mais evoluiu nesse quesito, o salto foi de 44% para 72%, enquanto no
Nordeste foi de 63% para 79%. De fato, segundo a ANEEL (veja
aqui),
o Luz para Todos realizou 3.389.037 novas ligações elétricas no meio rural
brasileiro, sendo 1.686.927 (49,8%) no Nordeste.
Foi também o Nordeste o
principal beneficiário das políticas públicas de segurança hídrica empreendidas
pelos governos do PT - como o Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC) - que elevaram
o percentual de estabelecimentos agropecuários com recursos hídricos na região
de míseros 41% em 2006 para 73% em 2017. Já no Semiárido, o aumento foi ainda
mais significativo, variando de 40% a 76%. Segundo o IBGE, entre 2006 e 2017, 880
mil famílias rurais brasileiras passaram a dispor de água em suas propriedades,
números talvez subestimados, já que segundo dados oficiais (veja aqui), até maio de 2017, só os programas de captação e armazenamento de água de chuva do governo federal
haviam atendido 1,4 milhão de famílias com cisternas de 16 mil litros para
consumo humano e 190 mil famílias com cisternas de 54 mil litros para produção de
alimentos.
Outro indicador da
melhoria das condições de vida no campo brasileiro trazido pelo Censo
Agropecuário foi o extraordinário aumento do número de veículos nos
estabelecimentos rurais. Em uma década foram adquiridos 409.189 novos tratores,
106.319 caminhões, 220.813 utilitários e 587.670 motos.
Nada disso valeria se as
receitas dos estabelecimentos agropecuários não evoluíssem a contento, mas o
que ocorreu foi justamente o contrário: houve um aumento
significativo nesse indicador, já que o total de receitas cresceu de R$ 145 bilhões em
2006 para R$ 414 bilhões em 2017, o que representa um aumento de 53% em termos
reais, já descontada a inflação.
Muito ainda tem que ser
feito para que as condições de vida das famílias rurais atinjam um patamar de
excelência no Brasil, mas os governos do PT contribuíram significativamente para
a sua evolução.
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