Em 2012 a UFCG comemora
duas datas importantes: seus 10 anos de criação por desmembramento da UFPB e os
60 anos de fundação da Escola Politécnica de Campina Grande (POLI), primeira
escola superior da cidade, conquista da sociedade civil campinense, mobilizada pelo
lendário Edvaldo do Ó.
A POLI foi criada em 1952
pelo governador José Américo de Almeida e viria a constituir, juntamente com
outras nove escolas superiores isoladas, a Universidade da Paraíba, também criada
por José Américo em 1955. A Universidade Estadual seria federalizada por
Juscelino Kubitschek, no apagar das luzes de seu prolífico governo,
transformando-se na UFPB, com três campi: João Pessoa, Campina Grande e Areia.
Desde então, o Campus II
da UFPB, que reunia a POLI e a FACE (Faculdade de Ciências Econômicas)
protagonizaria episódios de vanguardismo, espírito criativo e empreendedorismo
público na constituição do “campo” do ensino superior, da ciência e da
tecnologia na Paraíba, a começar pela construção da sede da Escola Politécnica,
projetada e executada por um “Escritório Técnico” formado por professores e
estudantes do curso de Engenharia Civil, criado em 1954. A inauguração do
edifício que hoje abriga o Centro de Humanidades da UFCG, em 1962, coincidiu
com a criação do curso de Sociologia e Política, que daria um tom de
engajamento e espírito crítico ao campus campinense, numa época efervescente da
vida nacional. A criação do curso de Engenharia Elétrica em 1963 inaugurou uma
tradição de excelência nessa área reconhecida nacional e internacionalmente
ainda hoje, principalmente após a criação do Mestrado em 1970.
Em 1968, um lance ousado
do diretor da POLI, o visionário Lynaldo Cavalcanti, viria a alçá-lo como uma
das principais lideranças da UFPB. Contra a vontade do reitor-interventor
Gillardo Martins, nomeado pelo governo militar, mas apoiado pela comunidade
universitária, pela sociedade campinense e assessorado pela ATECEL, fundada em
1967 para este fim, Lynaldo adquiriu um IBM 1130 para o Campus II, o primeiro mainframe do Norte e Nordeste e quinto
do Brasil, sem contar com um centavo sequer do orçamento da universidade,
valendo-se apenas dos fundos angariados por professores, funcionários e
estudantes.
Este ato de um dos maiores empreendedores públicos que a Paraíba já conheceu é um símbolo da tradição e da essência da UFCG e foi um prenúncio de seu futuro reitorado, que promoveria o primeiro "salto quântico" da UFPB, através de um extraordinário processo de expansão e interiorização. Mas essa é outra história.
Correio da Paraíba, 9 de fevereiro de 2012 (página A6)