Neste segundo turno das eleições para a Presidência da República, a Paraíba mostrou que é um Estado politizado, pois apresentou a menor abstenção no país (16%), ficando bem abaixo do escore nacional (21%), que foi o maior desde 1989 para o segundo turno das eleições presidenciais. Houve também uma redução drástica em votos brancos (-45%) e nulos (-33%), o que representou um acréscimo de 97.497 votos válidos no segundo turno, isto é, 4% do total.
Em termos de preferência, a Paraíba deixou claríssima a sua escolha, pois Fernando Haddad venceu em 220 dos 223 municípios e obteve 65% dos votos válidos (contra 45% no primeiro turno), o que representa uma evolução de 47% entre os dois turnos, isto é, 466.895 votos a mais.
Haddad obteve extensa margem de vantagem nas 220 cidades em que venceu (75% x 25%) e perdeu apenas em João Pessoa (45% x 55%), Campina Grande (44% x 56%) e Cabedelo (49% x 51%), cidades em que, contudo, evoluiu bastante do primeiro para o segundo turno.
Campina Grande foi onde Haddad mais cresceu, aumentando a sua votação em 118%, já que obtivera 45.065 votos no primeiro turno (21%) e atingiu 98.243 no segundo (44%), isto é, 53.178 votos a mais.
Em João Pessoa, Haddad teve um aumento de 89%, crescendo de 24% para 45% dos votos válidos, ou seja, 89.041 votos a mais. Já em Cabedelo, sua evolução foi de 64%, aumentando de 31% para 49% dos votos válidos.
É plausível supor que a evolução de Haddad deveu-se, fundamentalmente, a uma migração maciça dos votos de Ciro Gomes (362.775) e Boulos (6.901), à imensa maioria dos votos brancos e nulos revertidos (97.497) e uma pequena parte dos votos dos outros candidatos no primeiro turno, que totalizaram 133.752 escrutínios, pois não acredito que tenha havido uma reversão relevante de votos de Bolsonaro para Haddad, até porque o capitão também cresceu (15%).
De fato, Bolsonaro obteve 104.424 votos a mais no segundo turno, que penso tenham migrado, majoritariamente, de Alckmin, Daciolo, Meirelles, Amoêdo e Álvaro Dias, todos alinhados ideologicamente a ele, que juntos obtiveram 119.451 votos no primeiro turno.
Seja como for, reputo a significativa melhoria de desempenho de Haddad no segundo turno – particularmente em Campina Grande, onde atuei – à militância partidária e espontânea que saiu às ruas, visitou as casas e agiu nas redes sociais, num trabalho diuturno de convencimento de eleitores e eleitoras, pois, afinal, esse foi o fato novo no segundo turno da campanha eleitoral de 2018 no Estado.
É essa militância aguerrida que tem a responsabilidade de manter viva a resistência democrática na Paraíba. Eu estou pronto para isso.