domingo, 25 de julho de 2010

Projeto Balde Cheio

Dois fenômenos explicam a modernização da agricultura no país. Um, as pesquisas agropecuárias. Outro, as novas formas de gestão e de disseminação do conhecimento agr[icola – inclusive entre pequenos proprietários.

Hoje em dia, há um pequeno milagre acontecendo na bacia leiteira do Vale do Paraíba. E atende pelo nome de Balde Cheio.

O pai do programa é Artur Chinelatto, lotado no escritório da Embrapa de São Carlos. O projeto começou a ser implementado há doze anos, em algumas pequenas propriedades de Jaú, estado de São Paulo.

Hoje, abrange todo o país.

O objetivo é analisar os aspectos técnicos da produção leiteira e levar conhecimento ao produtor.

Trabalham em conjunto com o CAT e com órgãos de agriculturas em estados que se dispõem à colaboração. Em São Paulo não houve envolvimento da Secretaria da Agricultura e das Casas da Agricultura.

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O primeiro passo é identificar municípios leiteiros, formar um técnico que atuará em uma fazenda modelo – que servirá de exemplo às demais. A base da organização são regiões com dez municípios em média. Para cada região, indica-se um técnico que ficará sob treinamento por um técnico da Embrapa para, depois, se transformar em multiplicador de conhecimento.

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O aprimoramento é feito passo a passo porque depende fundamentalmente da tomada de consciência do pequeno fazendeiro..

Primeiro, ensina-se o pequeno fazendeiro a plantar cana e pasto. Mostram que, para o gado produzir mais leite, tem que se alimentar melhor. À medida que o produtor vai percebendo essas melhorias iniciais, como a vaca que aumentou a produção de 2 para 8 litros/dia, torna-se mais aberto a mudanças mais radicais.

O passo seguinte é convencê-lo a trocar o rebanho, vender as vacas ruins e comprar menos vacas, porém mais produtivas, capazes de dar 20 litros/dia de leite. Muitas vezes encontra-se resistência dos pequenos produtores, para quem as vacas são quase como parte da família.

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Em três ou quatro anos, a produção das pequenas propriedades consegue saltar de 50 para 400 litros/dia.

Ensina-se, então, o produtor a fazer seu fluxo de caixa, a calcular a quantidade de ração ótima para cada cabeça, o uso racional dos insumos. Muitos ainda recorrem ao papel. Mas seus filhos já são usuários de notebooks e da Internet e ajudam nos cálculos.

A maioria acaba se rendendo aos fatos. Conversei com um casal de São Paulo que decidiu produzir leite na região. Antes, tinham pastagem extensivas: 50 hectares para produzir 100 litros; agora, com 10 hectares tiram 500 litros/dia, o que permite um ganho líquido de até R$ 1.500,00 mensais.

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Esse processo está mudando a cara da região. A pastragem extensiva produzia erosão. Agora, os fazendeiros são ensinados a concentrar a produção em pequenos espaços e a recuperar as demais áreas, plantando na beira dos rios e recuperando pastagens.

Depois desse salto, estão aptos aos novos avanços, agora na área de irrigação.


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Haddad é mentor dos genéricos, diz Itamar Franco desmentindo Serra


Mineiramente, o ex-presidente Itamar Franco (PPS) entrou na polêmica sobre a paternidade dos medicamentos genéricos no Brasil. Em seu Twitter, o candidato ao Senado pela coligação “Somos Minas Gerais” postou: “presidenciáveis discutindo genéricos me trazem saudades de Jamil Haddad, amigo e guerreiro que criou o Decreto 793, em 5/04/93″.


Haddad foi ministro da Saúde da gestão Itamar Franco (dezembro 1992 a janeiro de 1995) e responsável pela publicação do decreto citado pelo ex-presidente. A colocação do político mineiro apimenta a discussão que já mobilizou os três principais candidatos à Presidência da República. O ex-governador José Serra (PSDB) traz para si a paternidade do programa, que abriu o mercado de produção de medicamentos, com a quebra de patentes, e consequente barateamento de preços.

Já a petista Dilma Rousseff, em consonância com Itamar, defende que Haddad foi o responsável pela criação do projeto. A última a entrar na discussão foi Marina Silva (PV). Para a presidenciável verde, anterior ao decreto de 1993 e à gestão de Serra no Ministério da Saúde (1998 a 2002) de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi o então deputado Eduardo Jorge o autor da Lei dos Genéricos, em 1991.

Itamar manda recados velados, ao querer “fazer jus” ao trabalho do ex-ministro Haddad. Aliados do ex-presidente entendem que ele não irá polemizar com o candidato tucano, mesmo não tendo ainda saído em campo para pedir votos para Serra. Apesar de estremecidos, os dois estão no mesmo barco, já que o PPS de Itamar e o PSDB são aliados nas disputas estaduais e ao Palácio do Planalto.

http://www.terra.com.br


quarta-feira, 21 de julho de 2010

O real da miséria e a miséria do Real


Na trajetória dos últimos 18 anos, só o governo Lula reduziu a pobreza de forma contínua e acentuada. Itamar e FHC tiveram, cada qual, apenas 1 ano de efetiva redução da pobreza: Itamar (que teve pouco mais de 2 anos de governo), em seu último ano (1994), e FHC, em seu primeiro ano (1995). Os números desmentem categoricamente a afirmação de que a miséria e as desigualdades no Brasil vêm caindo “desde o Plano Real”, como é comum encontrar inclusive entre analistas econômicos. O artigo é de Antônio Lassance.


Financial Times vê Brasil capaz de explorar pré-sal


Lula mostra ao mundo que o pré-sal é nosso

Ao contrário de O Globo que disse que o Brasil ia na “contramão do mundo” ao iniciar a exploração do pré-sal após o acidente da BP no Golfo do México, o conservador Financial Times fez ontem uma matéria correta, dizendo que o Brasil encara os riscos da operação e está muito mais preparado que os Estados Unidos para abrir uma nova província petroleira em águas profundas.

Mesmo com sua postura claramente antiestatal, em nenhum momento o Financial Times condena a exploração do pré-sal ou sugere que ela seja entregue às multinacionais do petróleo, e, de forma jornalisticamente responsável, aponta as vantagens brasileiras diante dos riscos.

“As regras brasileiras são geralmente vistas como mais severas que as dos Estados Unidos, onde o Serviço do Gerenciamento dos Minerais enfrentou críticas por permitir a autoregulação da indústria”, aponta o jornal inglês.

O Financial Times diz que o vazamento de óleo na Baía de Guanabara, no início de 2000, e o afundamento da P-36, em março de 2001, levaram a Petrobras a aprimorar seus procedimentos de segurança. “Ao contrário de muitos de seus pares grandes produtores de petróleo, a Petrobras manteve sua expertise de engenharia e exploração em águas profundas em casa, ao invés de terceirizar isso para outras empresas”, ressalta o jornal econômico, destacando uma diferença essencial da Petrobras para a BP.

“Esses recursos internos são de grande importância para intervenões rápidas em situações de emergência”, destaca Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobras, e grande conhecedor do setor de petróleo. Aliás, O Globo não ouviu ninguém da Petrobras em sua matéria que foi manchete de capa, condenando o Brasil por explorar o pré-sal quando EUA e Europa reduzem sua produção.

O Financial Times, por suas posições conservadoras e “pró-mercado”, faz suas ressalvas ao maior controle da Petrobras e da Petrosal sobre o óleo do pré-sal, mas é honesto em sua reportagem, inclusive já tratando de novas medidas anunciadas pela Agência Nacional do Petróleo após o acidente da BP.

O problema que o FT vê, pela ótica das empresas, é a incerteza que ronda a discutida compra pela BP, em março deste ano, por US$ 7 bilhões, de 10 blocos no pré-sal, que pertenciam a Devon Energy. A BP espera que a compra seja aprovada até o fim do ano, mas a ANP está revendo o negócio “com o Golfo do México em mente”.

Está aí uma boa pauta para O Globo acompanhar diante de sua “preocupação com o meio ambiente” após o acidente da BP. Que exigências serão feitas à empresa britânica? Será que ela poderá terceirizar a exploração como fez no Golfo do México? Que medidas de segurança ela passou a adotar após o recente acidente?

São apenas algumas perguntas que o jornal, com os profissionais que tem, poderá desenvolver muito melhor do que eu. A menos que sua preocupação ambiental seja seletiva e só aconteça em relação a petrobras.

www.tijolaco.com